Caros leitores, como já temos visto na internet, o assunto de como se tornar piloto é muito comentado por muitas pessoas e comandantes experientes da nossa aviação. Contudo, venho também deixar a minha contribuição.
Aqui eu não direi mais do mesmo, como os mínimos para Piloto Privado, Piloto Comercial, etc. Entendo que já temos conteúdos ótimos nas páginas de outros colegas, então pouparei minha tripulação do mesmíssimo assunto.
O conceito que trago nessa leitura é em relação à qualificação dos pilotos.
Durante essa minha fase na aviação executiva e instrução de voo, pude observar e compreender que a qualificação de um bom piloto não vem apenas da sua experiência de voo. A qualidade de um piloto vai além de suas horas voadas e capacidade de saber decolar e pousar bonito. Os conceitos por trás de cada ação e reação são de extrema importância neste nosso mundo de máquinas voadoras.
Enfatizo as horas, como não sendo apenas como uma forma de mostrar qualificação, pois se não tivermos a cultura dos bons costumes, interação saudável entre homem e máquina, compreensão ampla dos conceitos de segurança e ter respeito aos limites impostos por regulamentos e manuais técnicos, de pouco servirá as horas voadas.
Borá lá!
Bons costumes
Todo piloto tem que ter:
. Conhecimento aprofundado a respeito da aeronave que opera.
O conhecimento mínimo necessário para a operação da aeronave é adquirido através do POH / Manual da aeronave, onde serão apresentados dados importantes em relação aos sistemas, limites de operação, procedimentos de emergência e performance.
O grande problema neste caso é que muitos pilotos assumem aeronaves como Piloto em Comando somente por conhecimentos passados por outro piloto, durante a fase de adaptação à nova máquina. Mas somente isso não basta, pois conceitos errados podem ser repassados. Lembre-se, o que o manual diz é o que deve ser feito! Seja sempre fiel ao manual de operação, e em caso de qualquer dúvida em relação à aeronave, busque imediatamente ajuda no manual/POH.
. Reconhecimento dos limites humanos, da máquina e de regulamentos.
O reconhecimento dos limites citados acima é de fundamental importância para podermos manter um bom nível de segurança em nossas operações.
No dia a dia, é muito comum nos depararmos com preocupações somente relacionadas aos limites de regulamento, em segundo lugar em relação à aeronave e infelizmente por último o próprio limite do piloto em comando. Antes de tudo, temos que compreender que os nossos próprios limites podem não estar ao nível dos limites impostos em regulamentos e manuais de operação. É muito importante termos tranquilidade e elegância em nossas tomadas de decisão.
. "Pé na graxa".
Todo piloto deve ter um pezinho na graxa! Isso significa que os conhecimentos de manutenção e conhecimentos técnicos devem nos acompanhar desde os nossos voos do dia a dia até os momentos em que precisamos acompanhar manutenções ou até mesmo em opinar sobre causas e efeitos durante uma manutenção preventiva ou corretiva.
Vale compreender que a experiência em acompanhamentos de manutenção e estudos mais aprofundados da máquina que se opera facilitarão e muito o entendimento de problemas e de cuidados extras que podem ser tomados ao longo das operações.
Não seja tão vaidoso e não queira evitar aquele cheirinho de óleo! rsrs...
. Habilidade em se manter calmo.
Na profissão de piloto, é muito comum os momentos em que precisamos tomar decisões de forma rápida ou até mesmo lidar com situações adversas que possam comprometer a segurança do voo. Portanto, para que boas decisões sejam tomadas da maneira mais segura possível, é necessária a habilidade em se manter o mais calmo possível apesar das adversidades.
. Boa comunicação.
O processo de comunicação inicia-se desde o momento em que se recebem as informações do voo a ser executado, pedido de abastecimento, até a comunicação com o órgão de tráfego aéreo.
Uma comunicação clara e assertiva é de grande valor, uma vez que evitará mal-entendidos na transmissão e recebimento da mensagem.
. Capacidade de trabalhar em equipe.
Por mais que uma aeronave esteja sendo operada por apenas um piloto, no caso de aeronaves homologadas para um piloto, a capacidade de trabalhar em equipe se estende da boa relação com o operador da aeronave até os profissionais que auxiliam todas as operações em solo como abastecimento, reboque da aeronave, etc.
Os tópicos citados acima são de grande valor para todos os pilotos, pois quanto maior for o domínio sobre eles, melhor será a consequência nas tomadas de decisão. Todo mundo que possui uma licença de piloto privado ou até mesmo de piloto comercial é piloto! Mas vai do aviador a sua vontade e humildade para correr atrás não só das horas de voo, mas também de habilidades e conhecimentos que abrangem a cultura dos bons costumes.
Existem outros tópicos que podem ser acrescentados e aprofundados. Não se limitem somente a esses.
Vale a recomendação da leitura do texto que escrevi sobre o "PAVE CHECKLIST". Com certeza será uma leitura que complementará o assunto abordado neste texto.
Até a próxima e um grande abraço!
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